Opinião: A Metamorfose

Sinopse: 

"Quando Gregor Samsa despertou, certa manhã, de um sonho agitado viu que se transformara, durante o sono, numa espécie monstruosa de inseto."

É deste modo que Kafka inicia a história de Gregor Samsa, um sujeito que viu-se obrigado a se tornar um caixeiro-viajante, que deixou de ter vida própria para suportar financeiramente todas as despesas de casa.

Numa manhã, ao acordar para o trabalho, Gregor vê que transformou-se num inseto horrível com um "dorso duro e inúmeras patas". A princípio, as suas preocupações passam por pensamentos práticos relacionados com a sua metamorfose.

Depois, as preocupações passam para um estado mais psicológico e até mesmo sentimental. Gregor sente-se magoado pela repulsa dos pais perante a sua metamorfose. Apenas a irmã se digna a levar-lhe a alimentação, mas mesmo assim a repulsa e o medo também começam a se manifestar. A metamorfose de Gregor vai além da modificação física. É sobretudo uma alteração de comportamentos, atitudes, sentimentos e opiniões.

As atitudes dos pais perante o filho retratam ao leitor a ideia que este era apenas o "sustento" da casa. A metamorfose de Kafka não conta apenas a história de um homem que se transformou num inseto. É sobretudo uma história de alerta à sociedade e aos comportamentos humanos. Nesta história, Kafka presenteia-nos com a sua escrita sui generis, retratando o desespero do homem perante o absurdo do mundo.

Opinião:

"A Metamorfose" ou, como é também conhecido: um dos maiores clássicos da literatura à nível mundial. É claro que esse rótulo não foi atribuído por acaso, a forma como Kafka consegue prender-nos ao seu livro pelo meio da sua escrita brilhante e também pelas suas -muito bem conseguidas- metáforas. Não é fácil dar uma opinião a uma obra tão grandiosa como é conhecido, entretanto, reconheço a sua grandiosidade, as metáforas mesmo que não muito explicitas são bastante reveladoras. 

Kafka utiliza a transformação de Gregor Samsa num gigantesco inseto para evidenciar o seu pessimismo face aos seres humanos e o medo da perda de identidade. Foi uma forma bastante peculiar de representação, uma forma bastante diferente de criticar porém merece palmas pela originalidade e a expressividade contida no livro. Os aspectos que considerei mais fantásticos neste livro foi a força de Grete (irmã de Gregor), a forma como ela tenta lidar com a situação de seu irmão. Perante esta situação ela viu-se sozinha pois seus pais, já com uma certa idade, não podiam trabalhar e ela era demasiado nova para o fazer. Mas mesmo assim não desistiu pois viu que era necessário manter-se forte. O outro aspecto é como a perda da identidade de Gregor vai acontecendo de dia para dia pois ele acorda com a silhueta de um inseto numa manhã pois ainda sabe quem é, porém não leva muito tempo para que se habitue à ideia, entretanto a sua tristeza também aumenta, cada dia ele sente-se mais sozinho, e é uma experiência bastante interessante podermos ver um animal como este ter sentimentos tão humanos, mesmo considerando o facto de que ele já fora humano mas deixou de o ser. 

O obstáculo que podemos encontrar é que o livro é totalmente narrado na 3ª pessoa, e não por algum dos personagens o que torna um pouco mais complicado de entender quais são realmente as emoções que estão a ser transmitidas. Mesmo assim é um obstáculo fácil de ser ultrapassado e não dificulta muito a leitura. O livro continua a ter uma escrita fantástica e que nos prende. É uma obra a ser recomendada !